CAPÍTULO II - O 1º ENCONTRO COM O AMOR
Quando eu tinha 13 anos,
estudava em um ótimo colégio e achava que tinha encontrado dois grandes amigos
Bárbara e Diego. Por algum motivo que não sei explicar, achava que eles tinham
me escolhido para ser amigo deles.
No ano seguinte sai do
colégio, perdi o contato com eles. Lembro que nessa época não existia
smartphone. Os contatos a distância eram realizados por carta, por chamada de
telefone fixo e raramente por quem tinha um celular. E ter um telefone fixo
passava a ser um pouco popular no ano de 2000.
Tanto estava começando
a popularizar que haviam promoções de pagamento único por chamadas entre
meia-noite e seis da manhã. Até outubro de 2000 eu não tinha para quem ligar, e
nas eleições municipais daquele ano meu pai se candidatou a vereador.
Nesse processo
eleitoral, o acompanhei em diversas caminhadas nos bairros da cidade, e em uma
dessas caminhadas reencontro Diego “meu grande amigo”. Muito feliz por vê-lo,
peço o número do seu telefone fixo e anoto na agenda do meu pai.
Obviamente meu pai não
foi eleito, mas obteve 484 votos, o que não foi comemorado à época, embora
devesse ter sido, pois foi um grande feito para alguém desconhecido.
Depois de ficar
dividido entre duas mulheres em Setembro de 2002, a vida de adolescente seguia
com ensaios no teatro. Até que encontro a agenda do meu pai, e lá se encontrava
o número do telefone fixo de Diego “meu grande amigo”.
Ao ligar, ele quase
nem me reconhece. Eu empolgado e ele totalmente sereno sem esboçar reação.
Conversamos um pouco e ele se anima a visitar o teatro, tinha ele a vontade de
aprender a se expressar e via ali uma oportunidade interessante, e no fim acaba
se integrando ao elenco da trupe teatral.
Ele ainda estudava em um colégio particular, mesmo que não tão nobre, ali tinha eventos interessantes para os alunos. E em 23 de Outubro de 2002 o dito colégio realizou uma feira de exposições dos alunos. Diego esboçando algum tipo de simpatia, convida aos integrantes do teatro para ir. Leticia, a desengonçada falante leva duas amigas e uma delas....
Bem, é provável que essa amiga tenha modificado minha adolescência em todos os sentidos...
Ela ruiva de
cabelos longos, magrela, com 1.75 cm de altura, vestia um jeans e uma blusa
preta, tinha algo de estilo rock, mesmo que não curtisse. E pela primeira vez
ouço o sotaque mineiro, ela era do interior de Minas Gerais, resultado: apaixonei!
Durante toda a
exposição andamos lado a lado, eu tentando chamar atenção, e ela com uma
confiança tímida, de que sabia exatamente como me provocar. Ela fazia eu passar
por todas as exposições e experimentar inclusive comidas que nunca havia
provado.
Obviamente ela não
sabia que a comida era fake, e terminei passando um pouco mal com um falso
sushi. Eu não sabia como fazer para beijá-la, ela era esperta, parecia saber o
que fazia, parecia provocar para que eu tomasse alguma atitude, e eu não fazia
ideia de como fazer.
Foi através dela que
vi pela primeira vez que era possível ter um sorriso que brilhava junto com os
olhos. Mas naquele dia nada rolou, nos despedimos e fui pra casa pensando no
que não havia rolado.
Chegando em casa
liguei meu rádio portátil e tocava “Outro Lugar” do Detonautas Rock Clube. A
música dizia que ele ainda a encontraria...
Na semana seguinte era
estreia da peça sobre a familia que lidava com conflitos de um filho dependente
químico. Eu estava nervoso, era minha estreia, e mesmo em teatro amador,
parecia algo importante, e haviam pessoas na plateia.
Tínhamos que estar
concentrados, e enquanto a plateia ocupava seu espaço, fui informado que a
ruiva estava no espaço de cultura e não resisti. Não me contive de ansiedade e
mesmo vestido com a roupa do personagem, sai da concentração correndo, subi dois lances de escada e a encontrei um terraço acima do local de apresentação.
Não sabia o que dizer,
e ela com um charme imenso, estava de vestido cinza e com sua bolsa preta
pendurada no ombro. Ela parecia uma modelo saída da passarela e eu um bobo que
não tinha palavras.
Na falta de palavras
era melhor perguntar, e quis saber o que ela fazia no terraço, e ela disse que
estava tentando assobiar, mas que não sabia como. Eu parei do seu lado, me
sentei no muro do terraço e fiquei ensinando como assobiar, quando ela fez
igual e conseguiu emitir algum som, dei um beijo na sua boca, e tudo flui com
naturalidade.
Confesso que muitas
vezes conto em conversas que aquele foi meu primeiro beijo. O charme que funcionou, as bocas
que se encaixaram e o cheiro doce que invadia as narinas de forma suave. Tudo
isso só foi interrompido pelo meu nome sendo gritado ao fundo: Alexandreeeeee.
Era Leticia avisando
que a peça começaria e eu estava atrasado. Sai do beijo prometendo a mim mesmo que teria
mais. Desci numa velocidade imensa, era a primeira vez que beijava alguém e
tinha um clima de romance no ar. Meu coração estava acelerado, era uma empolgação
que não condizia com o personagem que interpretava na peça, por dentro eu
estava pulando de felicidade, e na peça tinha que estar triste e preocupado.
Durante toda
apresentação, eu só queria olhar para ruiva, beijar a ruiva. Na imaginação eu
conseguia sentir o cheiro dela, e sentir o toque dos lábios e ouvir o sotaque
de mineira no meu ouvido, Havia uma música ao fundo, eu ainda não sabia qual,
mas havia. Era só pensamento? Sonho? Realidade?
Provavelmente eu
sonhava acordado com o amor, que pela primeira vez havia me encontrado, e eu ilusoriamente
achei que era perfeito, seria eu e ela, ela e eu....
Mas o mundo é uma
caixinha de surpresas e nem tudo que reluz é ouro. Entretanto isso é tema para
nosso próximo capítulo...
Ps: talvez essa história seja baseada em fatos reais, talvez não.
Alexandre Oliveira
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