segunda-feira, 27 de junho de 2022

O AMOR: UMA DISCUSSÃO ALEATÓRIA

Plena aula de Relações Internacionais na turma de mestrado do curso de Ciência Política da Universidade Nacional de La Plata na Argentina. E eis que surge uma questão aleatória ao tema da aula, e o professor questiona, o que é amor?

Eu abusado que sou, ousei dissertar sobre uma possibilidade de resposta. Confesso, o caminho que escolhi e o exemplo que utilizei foi romântico demais e pouco realista. O que me fez passar um pouco de vergonha na exposição. E em contrapartida me fez tentar aprofundar o tema em uma reflexão que se transpõe para o texto de hoje.

Na aula, eu disse que o amor é quando você pensa tanto em alguém, que não consegue mais pensar em outra coisa. É quando tudo que você vive, te trás o pensamento para ela. É quando você só espera estar junto, não importa como e nem sequer aonde. É quando se anseia estar junto da outra pessoa mais do que estar com qualquer outra.




Nando Reis tem uma canção que expressa exatamente o que expus nesta fala: “espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, pra que eu possa te ver de novo, espero que o tempo voe, para que você retorne, pra que eu possa te abraçar e te beijar de novo”.

Sim, todos riram de mim. Acho que eu mesmo ri de mim. Meu professor me contestou dizendo que não crê um amor monogâmico, e que ele pode amar várias pessoas ao mesmo tempo sem a necessidade de se sentir preso em pensamento com outra.

E ele está certo, isso é possível. Mas ao mesmo tempo eu não fiz um discurso em defesa do amor monogâmico como única opção. Eu apenas expus o que me veio a cabeça em um primeiro momento, mas esqueci que o amor é amplo, não se trata necessariamente do amor de uma comédia romântica.

Amar implica em não esperar nada em troca. O “amar” pode estar em várias pessoas da sua vida, amigos, família, e em alguém que se tenha esse “amor romântico”. O amor é expansivo, exclusivo em certo ponto, mas sobrepõe a barreira da física.

Talvez uma das melhores definições de amor está nos escritos de Luis de Camões “amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer. É um andar solitário entre a gente, é nunca se contentar de contente; É um cuidar que se ganha em se perder.

Amor é relativo, é construtivista, e realista. Amor é profano, é divino. Amor é simples e complicado.

Depois de tantas exposições, eu ganhei algumas certezas. A primeira é que o amor pode estar nos mais simples gestos de pessoas, animais e Deus. A segunda é que cada um tem sua forma de amar, e o que você tem que decidir é se a forma de amar do outro te serve. A terceira é que amor dos outros não se julga, não se questiona, se entende, se compreende, se aceita ou não. Em quarto lugar penso que o amor trás paz, tranquilidade, esperança e estabilidade. O que te tira do prumo e os pés do chão não é amor, é a paixão.

E por último quem ama não tem dúvidas, simplesmente ama, não pensa. O amor não é o problema, não ser amado é que um grande problemão. 

Contudo, ódio e amor andam próximos, e parafraseando o cantor Leoni “as vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais”.

Sim, as vezes se odeia, e em seguida se ama mais, isso pode acontecer, mas não dissocia o amor de sua ilusão, pelo contrário ele o aproxima da sua realidade humana


Não há nada melhor que ouvir um eu te amo. E você já ouviu um eu te amo hoje?


por Alexandre Oliveira

segunda-feira, 20 de junho de 2022

O AMOR É PARA OS DESPLUGADOS

 

Deu ruim para mim e talvez pra você!

 

Há exatos 20 anos, eu um jovem romântico tasquei meu primeiro beijo, e na segunda ficada da vida, aiii, eu me apaixonei pela primeira vez.  Naturalmente sofri a primeira decepção logo de cara, disse eu te amo de cara e ferrei tudo. O que de certa forma demonstrou um nível de dramaticidade alto da minha parte.

 

Com o passar dos anos vieram os primeiros namoros, as experiências de amores intensamente vividos, os períodos de solteirice plena, que alíás deram o tom do quão é importante se amar e curtir os amigos. Vivendo assim experiências variadas para valorizar estar junto de alguém.

 

Mas confesso que achei que quando tivesse 28 anos, o jogo estaria definido. Nesse momento o amor já teria sido encontrado. E o “felizes para sempre” já estaria em curso. E a aposentadoria das “noitadas” seria realizada com soberba alegria.

 

Aí eis que a vida nos surpreende, eu me separei depois de anos com a mesma garota. O jogo que achei que estaria definido, foi brutalmente forçado a recomeçar.

 

No entanto hoje é diferente, aos 36 anos, meus melhores amigos se casaram, tem filhos e a vida de casal tradicional para eles se tornou realidade. Interessante perceber que eles viveram suas vidas de solteiro com tanta intensidade, que acho que não priorizaram o “amar e ser amado”.

 

É curioso mas ao mesmo tempo é a lógica da vida, quando desplugamos, o amor acontece. E no curso do tempo, o que meus amigos não focaram, aconteceu! E o que eu foquei, não aconteceu, e sim, pode não parecer, mas essa é a lógica mais exata da vida.

 

O amor é para os distraídos, não para os atentos, o amor é para os desplugados, não para os conectados. Conectar é para quando se envolve, não antes de conhecê-lo.




 

Em contrapartida reflito que há anos, trabalhei em uma peça de teatro cujo um dos personagens questionava o que era o “feliz para sempre”? Dizia ele: “será que ser feliz para sempre é casar-se, ter filhos, comer macarronada aos domingos e assistir televisão deitado no sofá?”

 

Pois é, hoje sabemos que é possível ser feliz das mais variadas formas, pode ser se apaixonando, casando-se, tendo filhos, não tendo filhos, não se apaixonando, não se casando, ou mesmo curtindo sua vida de solteiro até o dia de sua morte.

 

O que tiro dessa experiência, é que a idade ou seu estado civil, são formas de controle social. São formas de evitar maiores questionamentos. E a felicidade é muito pessoal, cada um tem sua forma de ser feliz, e não importa o que a sociedade diga, só quem entende sobre a sua felicidade é você mesmo(a). Já dizia o poeta, antes só do que mal acompanhado, e na boa, o amor não é para profissionais, o amor é para amadores, é para os ingênuos. E se isso te interessar siga esse conselho, do contrário não se apaixone!

 

Para quem tem interesse em ser feliz, se apaixonar só é uma boa quando há reciprocidade, e mesmo assim, o tal “felizes para sempre” não é garantido, cada dia é um dia diferente e há de se adaptar juntos.

 

Por fim, entendam, não critique a felicidade de alguém, o contexto dela é diferente do seu. Aprenda a respeitar a felicidade alheia. Mesmo que seja diferente da tua. E lembre-se: quer se apaixonar e fazer dar certo, então há que se desplugar, para quando encontrar quem se ama, se conectar por inteiro.


por Alexandre Oliveira

domingo, 29 de maio de 2022

RESPONSABILIDADE AFETIVA E A SUA DECISÃO

 


A sinceridade em qualquer relação parece o elemento chave para o sucesso dela. Há algum tempo venho refletindo sobre o termo “responsabilidade afetiva”. E confesso que foi um termo que me intrigou e levou ao texto de hoje.

Pesquisando sobre o termo, descobri que apliquei isso em todos os relacionamentos que tive.

Diga-se de passagem, responsabilidade afetiva se enquadra em deixar claro para a pessoa que se relaciona, o como você se sente, e quais são suas pretensões com ela.

Por vezes nos perguntamos se existe alguma justiça quando gostamos de alguém, afinal, quantas vezes existe uma dedicação desproporcional, da nossa parte em relação ao que o outro(a) entrega. E quantas vezes escutamos do outro lado a verdade nua e crua, que somos apenas mais um(a) em sua vida. E por gostar da pessoa, insistimos em algo que nunca vai levar onde queremos.

Pois é, me peguei pensando na responsabilidade afetiva, termo que entendi ter praticado por toda a vida, e há pouco tempo me recordei de uma relação que tive há anos, e cheguei a uma outra conclusão sobre o termo responsabilidade afetiva.

O ano era 2012, a garota em questão não estava interessada por mim, pelo menos não inicialmente. Mas com o tempo ela foi se envolvendo, e eu sempre deixando claro que ficava com outras garotas, e que tinha inclusive mais um carnaval badalado pela frente. O tempo foi passando, me afastei dela em diferentes momentos, e nos esbarrávamos em alguma festa, e ficávamos de novo. Até que chegou num ponto que eu percebi que ela realmente me amava, e decidi que mesmo não sentindo o mesmo, iria namorar com ela.

Mas a vida é escrita por grandes reviravoltas, exatamente quando eu ficava apenas com ela e havia decido namorar, conheci uma outra garota e me apaixonei. Naturalmente terminei com a anterior e fui viver a nova história.

Pensando pelo ponto de vista da reponsabilidade afetiva, como tratam atualmente, eu fiz o que deveria fazer, deixei claro tudo que estava se passando a todo momento.

No entanto eu acrescentaria que no capítulo responsabilidade afetiva, devamos ir além. Quando temos uma relação com alguém, que percebemos que não podemos entregar aquilo que a outra pessoa espera, e nos damos conta de que a outra pessoa gosta muita mais de você, do que você dela, acho que hora de ir embora.

Hoje creio que se você não está na mesma sintonia da outra pessoa, comunique que não vai ficar, comunique que você não quer dar migalhas a alguém que merece mais. Tome a decisão de dizer que não vai ficar mais, e desapareça da vida dessa pessoa, pois assim ela vai ter a chance de se recuperar do sentimento que tem por você, e começará a viver mais rápido.

Desta forma a pessoa terá um fim de capítulo, pois ouviu a verdade de forma clara. E você terá tomado a decisão que ela não pôde. Não pôde devido ao alto grau de sentimento que tem por ti. Assim é a melhor decisão é não haver mais nenhum tipo de relação, e isso sim é responsabilidade afetiva, fechar ciclos, e saber sumir em respeito ao outro.


por Alexandre Oliveira

quinta-feira, 19 de maio de 2022

CASAMENTO DE LULA E O FIM DA AVENTURA

 Foto: Ricardo Stuckert
 

Casar é um sonho para muitos, e um pesadelo para grande maioria que ali vive.

Sim, converse a sério com um dos cônjuges, mas em separado, para saber a realidade do casal. Hoje, lendo as manchetes do casamento do ex-presidente Lula, me peguei por um segundo achando lindo a união de um casal de idade mais avançada.

É claro que a união de pessoas idosas causa comoção. Afinal, já é difícil encontrar um amor aos 30, imagine aos 70?! Sem falar que é uma fofura ver a emoção dos velhinhos. Assim, é fácil se emocionar com quem, se aventura mesmo com tanta experiencia de vida.

Essa é uma emoção genuína que nos comove, e confesso que me senti comovido.

Mas a verdade é que esta comoção durou apenas alguns segundos. Em seguida pensei no verdadeiro motivo deste texto, que é refletir sobre o encontro do amor e na materialização dele através do matrimônio.

A verdade é que eu não sei se as pessoas querem casar porque foram ensinadas que este é o enredo perfeito da vida. Ou porque de fato amam tanto alguém, que dividir a vida com essa pessoa, pareça algo incrível. Confesso que já não sei dizer ou perceber quem está “saltando deste paraquedas” pela vontade de viver, ou pelo medo de morrer só.

Os filósofos de rua costumam falar da importância de estar bem consigo mesmo, para que depois se encontre alguém, e da importância de primeiro ser feliz sozinho(a) para que se possa incluir alguém em sua vida. Contudo, quando é que se identifica que este momento chegou?

A vida acontece numa velocidade absurda, tudo é tão fugaz e efêmero que apostar em algo de longa duração parece um acerto romântico tão arriscado que o seu próprio contrato(matrimonio), denotam mais o fim da aventura, do que a continuidade dela.

A maioria das pessoas não casa para se arriscar, casa para encontrar uma segurança de algo que se tem medo de viver. Dentro deste espectro, o casamento não é a opção do trabalhador autônomo, é a opção do trabalhador com carteira assinada. A segurança é tão ilusória quanto a instituição, e o casamento não deve ser visto como o fim do jogo, aposentadoria ou o fim da história.

O casamento se encontra em falência, pois deixamos de perceber o porquê ele existe, e o para que ele existe. Casamo-nos, para ter sexo todos os dias e em alguns meses somos surpreendidos com a rotina que inviabiliza a missão. Casamo-nos para ter uma parceira de aventuras, mas na prática acabamos dividindo com alguém as responsabilidades da semana.

Somos seres sociais, e como já dizia Tom e Vinícius, “é impossível ser feliz sozinho”. Mas a forma de relação que você escolhe, ou a pessoa que vai estar do seu lado, quem escolhe, é você. Só pense nessa relação, dure o quanto ela durar, como uma construção de capítulos de uma linda história, e não como a última página de um belo livro.

Certa vez, atuei em uma peça onde um dos personagens dizia “será que a vida é casar-se, ter filhos, comer macarronada aos domingos e assistir TV? Será que acabaram as grandes aventuras?”

Pois é, se o casamento for a última página, é melhor se casar no cemitério, agora se casar-se, for a continuação da aventura, aí sim, eu quero, e você? O que você QUER?


por Alexandre Oliveira