quinta-feira, 19 de maio de 2022

CASAMENTO DE LULA E O FIM DA AVENTURA

 Foto: Ricardo Stuckert
 

Casar é um sonho para muitos, e um pesadelo para grande maioria que ali vive.

Sim, converse a sério com um dos cônjuges, mas em separado, para saber a realidade do casal. Hoje, lendo as manchetes do casamento do ex-presidente Lula, me peguei por um segundo achando lindo a união de um casal de idade mais avançada.

É claro que a união de pessoas idosas causa comoção. Afinal, já é difícil encontrar um amor aos 30, imagine aos 70?! Sem falar que é uma fofura ver a emoção dos velhinhos. Assim, é fácil se emocionar com quem, se aventura mesmo com tanta experiencia de vida.

Essa é uma emoção genuína que nos comove, e confesso que me senti comovido.

Mas a verdade é que esta comoção durou apenas alguns segundos. Em seguida pensei no verdadeiro motivo deste texto, que é refletir sobre o encontro do amor e na materialização dele através do matrimônio.

A verdade é que eu não sei se as pessoas querem casar porque foram ensinadas que este é o enredo perfeito da vida. Ou porque de fato amam tanto alguém, que dividir a vida com essa pessoa, pareça algo incrível. Confesso que já não sei dizer ou perceber quem está “saltando deste paraquedas” pela vontade de viver, ou pelo medo de morrer só.

Os filósofos de rua costumam falar da importância de estar bem consigo mesmo, para que depois se encontre alguém, e da importância de primeiro ser feliz sozinho(a) para que se possa incluir alguém em sua vida. Contudo, quando é que se identifica que este momento chegou?

A vida acontece numa velocidade absurda, tudo é tão fugaz e efêmero que apostar em algo de longa duração parece um acerto romântico tão arriscado que o seu próprio contrato(matrimonio), denotam mais o fim da aventura, do que a continuidade dela.

A maioria das pessoas não casa para se arriscar, casa para encontrar uma segurança de algo que se tem medo de viver. Dentro deste espectro, o casamento não é a opção do trabalhador autônomo, é a opção do trabalhador com carteira assinada. A segurança é tão ilusória quanto a instituição, e o casamento não deve ser visto como o fim do jogo, aposentadoria ou o fim da história.

O casamento se encontra em falência, pois deixamos de perceber o porquê ele existe, e o para que ele existe. Casamo-nos, para ter sexo todos os dias e em alguns meses somos surpreendidos com a rotina que inviabiliza a missão. Casamo-nos para ter uma parceira de aventuras, mas na prática acabamos dividindo com alguém as responsabilidades da semana.

Somos seres sociais, e como já dizia Tom e Vinícius, “é impossível ser feliz sozinho”. Mas a forma de relação que você escolhe, ou a pessoa que vai estar do seu lado, quem escolhe, é você. Só pense nessa relação, dure o quanto ela durar, como uma construção de capítulos de uma linda história, e não como a última página de um belo livro.

Certa vez, atuei em uma peça onde um dos personagens dizia “será que a vida é casar-se, ter filhos, comer macarronada aos domingos e assistir TV? Será que acabaram as grandes aventuras?”

Pois é, se o casamento for a última página, é melhor se casar no cemitério, agora se casar-se, for a continuação da aventura, aí sim, eu quero, e você? O que você QUER?


por Alexandre Oliveira

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