Plena aula de Relações Internacionais na turma de mestrado do curso de Ciência Política da Universidade Nacional de La Plata na Argentina. E eis que surge uma questão aleatória ao tema da aula, e o professor questiona, o que é amor?
Eu abusado que sou, ousei dissertar sobre uma possibilidade de resposta. Confesso, o caminho que escolhi e o exemplo que utilizei foi romântico demais e pouco realista. O que me fez passar um pouco de vergonha na exposição. E em contrapartida me fez tentar aprofundar o tema em uma reflexão que se transpõe para o texto de hoje.
Na aula, eu disse que o amor é quando você pensa tanto em alguém, que
não consegue mais pensar em outra coisa. É quando tudo que você vive, te trás o
pensamento para ela. É quando você só espera estar junto, não importa como e
nem sequer aonde. É quando se anseia estar junto da outra pessoa mais do que
estar com qualquer outra.
Nando Reis tem uma canção que expressa exatamente o que expus nesta
fala: “espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, pra que eu possa te
ver de novo, espero que o tempo voe, para que você retorne, pra que eu possa te
abraçar e te beijar de novo”.
Sim, todos riram de mim. Acho que eu mesmo ri de mim. Meu professor me
contestou dizendo que não crê um amor monogâmico, e que ele pode amar várias
pessoas ao mesmo tempo sem a necessidade de se sentir preso em pensamento com
outra.
E ele está certo, isso é possível. Mas ao mesmo tempo eu não fiz um
discurso em defesa do amor monogâmico como única opção. Eu apenas expus o que
me veio a cabeça em um primeiro momento, mas esqueci que o amor é amplo, não se
trata necessariamente do amor de uma comédia romântica.
Amar implica em não esperar nada em troca. O “amar” pode estar em várias
pessoas da sua vida, amigos, família, e em alguém que se tenha esse “amor romântico”.
O amor é expansivo, exclusivo em certo ponto, mas sobrepõe a barreira da
física.
Talvez uma das melhores definições de amor está nos escritos de Luis de
Camões “amor é fogo que arde
sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É
dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer. É um andar
solitário entre a gente, é nunca se contentar de contente; É um cuidar que se
ganha em se perder.”
Amor é relativo, é construtivista, e realista. Amor é profano, é divino.
Amor é simples e complicado.
Depois de tantas exposições, eu ganhei algumas certezas. A primeira é
que o amor pode estar nos mais simples gestos de pessoas, animais e Deus. A
segunda é que cada um tem sua forma de amar, e o que você tem que decidir é se
a forma de amar do outro te serve. A terceira é que amor dos outros não se
julga, não se questiona, se entende, se compreende, se aceita ou não. Em quarto
lugar penso que o amor trás paz, tranquilidade, esperança e estabilidade. O que
te tira do prumo e os pés do chão não é amor, é a paixão.
E por último quem ama não tem dúvidas, simplesmente ama, não pensa. O
amor não é o problema, não ser amado é que um grande problemão.
Contudo, ódio e amor andam próximos, e parafraseando o cantor Leoni “as
vezes te odeio por quase um segundo, depois te amo mais”.
Sim, as vezes se odeia, e em seguida se ama mais, isso pode acontecer,
mas não dissocia o amor de sua ilusão, pelo contrário ele o aproxima da sua
realidade humana
Não há nada melhor que ouvir um eu te amo. E você já ouviu um eu te amo
hoje?
por Alexandre Oliveira