terça-feira, 19 de julho de 2011

Fantasmas do passado(Amizades)

O passado é fonte de muitas lembranças, grandes alegrias, algumas perdas e também de muitas frustrações e arrependimentos. Quantas vezes nos perguntamos, e se fosse diferente, o que mudaria? Será que nos levaria a um lugar diferente? Nos tornaríamos pessoas diferentes.


Quando penso no meu passado me vem muitas coisas na mente. Toda vez que me refiro a ele, digo que eu era muito, muito, mas muito bobo, e agora sou só bobo. É uma brincadeira que encontrei para falar dos meus traumas do passado. Aliás falando em traumas, hoje se fala muito do quanto o Bullying interfere na vida de crianças e adolescências e acaba por dificultar a “sociacialização” de muitas pessoas.

Acho que nada melhor do me usar como exemplo para falar do tema de hoje. Quando eu tinha 6 anos, minha mãe descobriu que seu filho(eu), não tinha a audição do ouvido esquerdo, fez alguns exames e descobrimos que eu tinha sido asfixiado quando nasci, e assim perdi a audição do ouvido esquerdo e parte da coordenação motora, e por isso só tinha começado a andar com 2 anos e meio.

Com isso toda minha família entendeu o porquê do menino lerdo de 6 anos sequer correr direito e viver caindo. O médico na época disse a minha mãe que eu nunca poderia jogar futebol e correr, pois não teria coordenação pra isso. Mas seguindo nossa história, desde que me lembro do colégio ou da vizinhança do meu bairro, me lembro das crianças me zuando, tirando sarro da minha cara, mas isso de maneira cruel e sempre vexatória para um pequeno ser, com isso mudava de colégio a cada ano. Na adolescência, a crueldade aumentou, perdi o óculos que tive, pois roubaram da minha mochila só pra me prejudicar, falavam para as meninas que eu dizia algo que não tinha dito só para me humilhar e por ai vai, e eu confesso que dei muitos motivos para o sarro da turma. Puxa, inúmeros e sempre tentava sair na brincadeira, mas parecia que a crueldade não tinha fim. Não era brincadeira, pois na brincadeira há limite, e na crueldade não há pena nem arrependimento do que é feito.



Como diziam no Chapollin colorado e agora quem poderá nos defender? Eu na época, achava que com meus amigos, poderia contar, mas não pude, pois os mesmos, por medo de não serem mais sociáveis, não me defendiam pois ficariam fora do grupo. A esses caras o meu pesar por perderem um cara que por mais defeitos que tenha, sua grande qualidade é a amizade plena, carinhosa, verdadeira e fiel.

Pra mim amigo é aquele que te defende mesmo estando errado, mas que te dá uma baita bronca caso você esteja. Assim na época eu não tive amigos até que o teatro me deu um poder estranho, uma sensação de que eu poderia ser algo diferente do que pensavam e mais importante do que poderiam imaginar e isso me desafiou a mudar.

Com o tempo, percebi que minhas tragédias me fortaleciam e tudo que fizeram no passado de nada valia, a não ser para que eu pudesse perceber o sentido de amizade e parceria. É por este motivo que valorizo Rafael Silva, meu melhor amigo sem comparação a todos os outros, pela sua total parceria nestes últimos 10 anos, eu sendo popular ou renegado sempre esteve comigo, me criticou, me apoiou e muitas pessoas não entendem ou nunca viram uma amizade assim. Também, por isso que Guarah é um amigo de verdade, pois sempre que pode esteve comigo e foi meu amigo, meu irmão, nas loucuras e na vida mais tranqüila e no trabalho.

Através dos anos, a gente vai percebendo que os fantasmas do passado não nos assombram mais, que as pessoas que se foram na nossa história, só geraram dramas da pior qualidade não interessam de maneira nenhuma, eu desculpo a todos que nunca tiveram o mínimo de consideração por mim e nunca tiveram o mínimo respeito pelo ser humano.

Os fantasmas do passado não me assombram mais, nem me impedem de prosseguir, mas não vou esquecer, pois caso um dia eu esqueça, possa estar me perdendo de novo. E estar perdido e sem foco, não deixam ninguém em paz sem poder fazer o seu melhor de suas vidas.

Alexandre Oliveira

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