“Haverá um dia em que você não há de ser feliz”
Marcelo Jeneci
O limite é algo que sempre nos atrai, no limite das linhas o
que está do outro lado sempre parece algo alcançável, o que não podemos por diversos
motivos alcançar, mas ao se tornar muito visível e próximo, pode ser perigoso e
aparentemente violável. O grande problema de um erro, é quando ao invés de
admiti-lo e superá-lo, o mesmo se torna recorrente e normal, deixando a consciência sem peso algum, passando assim a ser um costume.
Há algum tempo me olhando no espelho me incomodei com algo,
a barriga não estava reta havia muito tempo, e a bochecha de
Kiko nas fotos foi prolongada em quase todo o ano de 2016. Assim resolvi que
deveria tomar uma atitude, parei de comer alguns alimentos que agravavam a “crise”
e resolvi retornar as atividades físicas de modo gradual.
No entanto depois de muitas frutas e barras de cereal, abri
o micro-ondas para esquentar um “incrível” frango grelhado com batatas e me
deparei com dois pastéis de queijo prontos para serem devorados. Olhei aqueles
pastéis e me senti o Chaves querendo a comida da vila e não podendo. Olhei
aqueles pastéis e disse a minha noiva que estava tentado a comer aqueles pastéis,
e ela me disse: “se está com vontade, come ué”. E assim eu disse a frase título deste texto: “Não
é porque algo te tenta, que você tem que comer”.
E minha mente viajando como só, começou a pensar em mil
coisas que nos tentam em vários momentos da vida, mas que não podemos fazer por
trabalho, relacionamentos ou ética. Me lembrei das vezes que o sol está forte,
e bate aquela vontade de ir à praia, mas o compromisso fala mais alto, me
recordei das vezes que uma pessoa pensa em pegar a irmã do amigo, mas não pode
porque ela irmã do amigo, e tantos outros exemplos.
Só porque o pastel está na minha frente não quer dizer que
eu tenha a obrigação de come-lo. Chegar próximo a algo desejado não gera um contrato
de obrigação. Somos adultos pesamos o que vale mais apena em nossas decisões, o
que vai ter mais valor frente a um objetivo de vida. E sim, eu escolhi não
comer os pastéis, e isto porque o objetivo de diminuir a barriga é maior que a
satisfação da comida, isso hoje, amanhã eu já não sei.
Não vou ficar aqui cuspindo sabedoria de botequim, pagando
de santo, e isto é impossível porque todos erramos em alguns momentos de nossas
vidas, e comigo não foi diferente. Em 29 de Março de 2013 a minha ficha caiu de
maneira drástica, ali cheguei à conclusão, se algo te tenta tanto que
não se pode resistir, não chegue próximo a linha do limite, corra para o mais longe que
puder.
Um amigo começou a ficar com uma menina, estava encantado e
se empolgava ao falar dela, mas em uma determinada noite ele estava trabalhando
e pediu que eu saísse com a tal. Durante um momento percebi que um clima se
estabeleceu. Mas no dia seguinte uma noitada aconteceu e fomos eu, meu amigo e
a menina. Durante toda noite a menina vinha no meu ouvido e dizia o quanto me
queria. Juro, não queria confusão e me esquivava e tentava contar a meu amigo,
não deu. Saímos da boate e fomos comer em uma lanchonete, me deu vontade e fui
ao banheiro. Lá no segundo andar da lanchonete, o banheiro e haviam dois
meninos na fila a minha frente, a menina saiu do banheiro empurrou os dois
meninos e me puxou pela camisa para dentro do banheiro, e eu no olho do furacão
agarrei a menina dentro do banheiro, e entre um o outro amasso, a porta do banheiro foi
aberta, e lá estava meu amigo dando de cara com a maior cagada que seu amigo já
havia feito.
Se aproximar da linha do limite e retornar intacto, não é pra qualquer um, exige muita razão sem emoção, e os instintos tem de ser jogados fora. Naquele momento fui desprovido disso e errei, mas temos que aprender com nossos erros e buscar os acertos.
Nesse momento minha ficha caiu, e uma lição para sempre
ficou, se não pode contar e alertar, fuja. Evite que a linha do limite se torne
a linha do limite do seu maior arrependimento. Se tudo for possível e não
existir regras, é uma outra história.
Mas lembre-se do que aprendi, não é porque algo te tenta que
você tem a obrigação de comer. Portanto a escolha sempre é sua, afinal você é o
resultado da sua própria felicidade ou tragédia, e o responsável completo das consequências
geradas pela sua decisão.
Abraços e Beijos
Alexandre Oliveira